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 Entre o Céu e o Bonsai Capitulo Onze e Doze

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MensagemAssunto: Entre o Céu e o Bonsai Capitulo Onze e Doze   Entre o Céu e o Bonsai Capitulo Onze e Doze I_icon_minitimeSeg Ago 18, 2014 9:03 pm


A Fronteira (é um lugar no limite entre o eu e o outro)


Arquivos e biscoitos


Acordei um pouco contrariado, me sentindo demasiadamente desconfortável pelos sentimentos confusos e a duvida do que devo ou não fazer com relação a Lívia. Ela entrou na minha vida para ser só sexo e assumir como um amor eu teria que saber como vou lidar com o futuro disto, e também saber dos seus reais sentimento. Eu sei que Lívia gosta da minha companhia, temos muita sintonia na cama, e ela é diferente de tudo o que tive até agora. Para assumir um relacionamento com ela terei que primeiro saber dos seus reais sentimentos relacionados a mim. Para depois definirmos juntos quais serão os lucros e balançar com o que serão as perdas pois sabemos que um fim é sempre inevitável e se tratando de Lívia neste momento o fim é certo porque ela está aqui mediante um visto temporário, a não ser que as coisas se encaminhem de forma diferente porque tudo é possível, nada é irreversível a não ser o tempo e o destino. Então se ficaremos juntos por muito tempo ou não é algo impossível de se prever. Mas me preocupa o final de tudo, tenho que pensar como vai ser para não nos trazer prejuízos. Vejo que os bloqueios de Lívia provavelmente são prejuízos de relacionamentos passados e eu não posso ser mais um que vai contribuir com isto. Lívia é menina que descobre o mundo curiosa com tudo e entrar ali é muita responsabilidade, ela não é avançadinha, moderna e carente de homens. Não está comigo por necessidade ou esperteza. Lívia só está vivendo o que a vida lhe oferece e eu cheguei de bandeja. E me sinto com sorte, ela está sendo um presente que a vida está me oferecendo. Por agora tenho que buscar saber dos seus reais sentimentos, se for favorável é só seguir o curso do rio e fazer de conta que nada está acontecendo e trata La normalmente como se tudo estivesse do mesmo jeito que antes e buscar as oportunidades para entrar na sua vida e no seu mundo tão particular e distante. Mas hoje terei que ver Cintia e resolver tudo se quiser ter toda a disponibilidade para mergulhar em Lívia sem que nada me distraia ou atrapalhe..

Meu telefone toca e é alguém que não lembro e diz que se chama Patrícia e que ficamos juntos a dois anos atrás e quer saber se pode me ver. È só o que me falta agora, quero me livrar de contatos atuais e me aparece contatos históricos. Converso uns 15 minutos e lembro de quem é ela. Foi uma amizade rápida. Ela trabalha com produção e esteve em Los Angeles ha 4 anos atrás e a dois anos nos conhecemos numa festa e tivemos alguns encontros durante um mês. O tempo que ela ficou tentava provocar novos encontros, mas não foi possível. Depois me ligou se despedindo e voltou para a Austrália. Agora fechou um contrato de 6 meses e está de volta a Los Angeles e quer me ver. Explico que não é possível e desligo.

Ligo para Cintia e marco um almoço para hoje mesmo.

Mas quero mesmo é ligar para Lívia e ir vê-la amanhã, pois desmarquei um compromisso sem muita importância e quero aproveitar para ficar com ela um pouco nem que seja no meio das crianças na Ong. Eu deixei um bilhete para ela no pen drive, não é muito. Mas é um agradecimento pelos nossos momentos juntos até agora.
Pego a moto na garagem e sigo para os Studios da Paramount, para falar com Hermeth que está lá agora e saber o que foi conversado ontem com os roteiristas sobre a diagramação do próximo filme que estou interessado e fui convidado para acompanhar.

Passo depois no meu escritório para verificar o mailing no meu endereço eletrônico e pegar alguns endereços. Tenho que enviar o orçamento dos cenários do próximo filme (que ficou pronto ontem) para os profissionais que irão finalizar urgente o projeto, que deve ficar pronto dentro da data prevista. Devemos enviá-lo a captação de recursos em empresas publicas e privadas americanas dentro das datas que já foram determinadas.
Encontro com David no elevador e ele vai me dizendo que está tendo erros na elaboração do orçamento do projeto na parte dos recursos administrativos, não está batendo os valores reais com o que foi digitado e ele não sabe dizer se foi feito dentro de outro orçamento que não é o que ele tem em mãos. Vou direto a minha sala e procuro na minha mesa os que me foi entregue ontem e eu pensei que fossem os que estavam com David, mas não são porque encontro 3 conjuntos de três empresas diferentes com orçamentos diferentes, um deles deveria estar nas mãos de David se tem um nas mãos dele. È porque aqui tem um a mais. . E agora o que é isso? Qual é o real ? que orçamentos são esses e qual está nas mãos de David? e quem fez isto?
Ligo para Julia só pode ter sido ela, foi a única para quem eu pedi que encomendasse os orçamentos para escolhermos o melhor e o mais em conta, para não superfaturar o filme e o orçamento. Peço para ela vir agora, mesmo sendo mais cedo do que o horário que ela costuma vir.
Ligo para Cintia tentando adiar nosso almoço pois vou atrasar muito, e ela não aceitou, prefere hoje mesmo.

A manhã foi pequena para tantos problemas não se entendeu nada, porque o orçamento de David era diferentes de todos e Julia jura que aquele não foi ela quem encomendou e ninguém sabe quem recebeu e está no e-mail da empresa e foi impresso aqui é um a mais e também não bate com o que foi digitado. Ficamos no problema até resolvê-lo ou seja pedir novamente os orçamentos com urgência e daí sim escolher, mas com todos juntos numa reunião, para não se desencontrar novamente.
Saio para o restaurante bem atrasado como eu já tinha previsto e avisado Cintia.
Dirijo a moto pelas avenidas com meu celular parecendo uma batedeira de bolo no meu bolso. Eu só tenho plena certeza que não é Lívia e deixo tocar até chegar ao restaurante. Entro e vejo Cintia desligar seu aparelho no momento em que o meu para de vibrar no meu bolso numa sincronia perfeita.
.

A segunda feira começou tranqüila no trabalho, abri o pen drive de Keanu e vi que tinha muitos arquivos além das fotos e penso se deveria abrir. Uma atitude mal educada destas de mexer na bolsa da mãe, abrir diário secreto de amiga, tirar dinheiro da carteira do marido. Não! não tenho este perfil!. Descarrego o arquivo onde estava escrito “Fotos janelas’, fecho o pen drive e fico olhando as imagens que ele tirou. Enquanto observo as fotos fico pensando nos arquivos, devia ter coisas do tipo, roteiro, documentos mas já pensou se vejo coisas que desagradem? ou que me magoem? Não. Só o fato de pensar que tem documentos particulares já é um motivo para deixar pra lá.
Aprendi que respeitar o outro, é respeitar tudo inclusive objetos como pen drive.
As fotos dele ficaram maravilhosas, afinal a máquina dele é muito superior em qualidade de cor e imagem, e vou usar todas as suas imagens.
Montei um power point, separando as janelas por formato: redondo, quadrado, poligonal. Pego o notbook do meu tior e vou para a sala das crianças e passar as imagens num data show. As crianças estão cantando e batendo palmas com uma voluntária. Converso com eles, conto uma historinha brasileira de uma menina que vivia na janela, lembramos do passeio e enquanto mostro as imagens elas fazem muitos comentários engraçados a cada slide. Crianças são criativas e cheias de energia.
Meu inglês ainda não é uma perfeição está ainda capengando um pouco, mas com as crianças eu me viro bem, o que não consigo dizer faço mímicas e eles se divertem para adivinhar.
Dei folhas para eles desenharem janelas, qual a que mais gostaram, a mais bonita, qual janela a menina da história estava?
Deixei os com Samy desenhando e voltei para a minha sala e meu tio estava me esperando.

_ Como está Livia?
Senti um aperto no coração, queria contar para meu tio meu caso raro, já que fomos criados juntos, somos mais amigos e irmãos do que tio e sobrinha, mas não acho que seja o momento. Ele sentou na minha frente com muitos documentos e mostrou mais uma nova doação de Keanu e fiquei boquiaberta
Daria para manter a Ong por pelo menos mais um ano, sem precisar se preocupar. Batemos as mãos em comemoração e alegria, que bom!
- Ele mandou tio?
-Não! foi melhor ainda ele depositou direto no banco disse que nos conheceu o suficiente para não precisar enviar cheques nominais, sabe que o dinheiro será bem empregado, só temos que enviar as notas fiscais para o controle dele e de impostos.
- Lívia tenho que ir sua tia está furiosa comigo!
- Porque?
- Ela não achou as cebolas ontem!
-Não estavam no guarda roupa?
-Não!
-Você mudou seu esconderijo?
-Sim! Acabou as possibilidades do guarda roupa ele não é tão grande.
-E onde você colocou tio Fred?
-Porque que eu vou contar a você? você conta pra ela, e ela não procura.
-O que você vai pregar aos fiéis quando subir no púlpito da igreja hoje? podia pregar sobre honestidade!
- E dar trabalho para sua tia não é ser honesto? ela só ajuda aqui e em casa é uma moleza.
Tive que rir de tio Fred, é um menino que vive fazendo traquinagens e tia Rose passa trabalho.

Tio Fred saiu para resolver pendências da ONG porque as cebolas ele não vai contar onde escondeu e eu fui olhar as crianças no pátio. As crianças estavam brincando enquanto quatro voluntárias cuidavam conversando embaixo de uma árvore parecia que estava tudo certo, mas senti falta de Kevin, fui procurar e ele estava deitado num banco longe das outras crianças.
- Kevin? Ele não se moveu, cheguei perto e o menino estava com o rosto molhado pelo choro.
Sentei do seu lado e o incentivei a levantar para conversar um pouco, ele levantou e limpou os olhos com a manga da blusa, seu cabelo loiro brilhava no sol que batia no pátio. E eu perguntei o que aconteceu, mas ele não respondeu. Pergunta boba eu fiz ao garoto. O que houve? Ele tem 5 anos e está abandonado sem ninguém! Não está sendo fácil encarar o rostinho de cada um todos os dias, dói ver a desolação e a tristeza em seres tão pequenos e frágeis.
Kevin deitou sua cabeçinha loira no meu colo e ficou ali quietinho enquanto fiz carinhos em seus cabelos. Estava sentindo mas de repente se tornou pensativo. Eu olhava para as crianças no pátio, quando ouvi sua voz fraca dizer:
- Tia Livia Você não me quer? Me leva para sua casa?
O que responder?
-È claro que eu te quero Kevin. Só que as vezes não é como a gente quer. E lágrimas rolaram involuntárias no meu rosto e sequei enquanto Steve que se aproximava fez um gesto para eu me conter.
Steve pegou na mão de Kevin e disse: - Kevin eu tenho uma história para te contar, vamos passear e eu te conto?
O menino levantou rápido e pegou nas mãos do velho e eu suspirei me sentindo aliviada.


Fui para a aula a tarde e mostrei as fotos de Keanu no power point para todos num data show, mas não tive coragem de dizer de quem eram, para não levantar perguntas.
Sai da aula e indo para o ônibus penso em Kevin e na manhã de hoje me sentindo triste. Penso se não podia fazer uma surpresa para Keanu já que ele se mostrou receptivo. Eu lhe disse que não ligaria se ele não pedisse desta forma sei que ele não está esperando.
Quando alguma coisa triste acontece no abrigo o que é constante, Keanu surge na minha mente e sinto muita vontade de vê-lo, para ficarmos juntos em silencio, uma coisa que nunca aconteceu, sou falante demais e ele acompanha as conversas. Queria só ficar sentindo seu abraço quente, o que já me bastaria porque ele dissipa toda a fadiga que se acomete em meu corpo e minha mente quando fico angustiada. .

Mas não tenho coragem, me imagino ligando e uma mulher bem melosa atendendo. Ou ele atendendo e eu escutando um som feminino de fundo gemendo fazendo sexo.
Sacudi rápido a cabeça, sentindo pânico diante da idéia e ri de mim mesma, estava ficando doida. Respiro fundo para aquietar meu coração virando a pagina dos meus pensamentos.

Quando estou subindo o elevador o celular toca e é ele..nossa o que é isso? Telepatia?
- alô?
- hi maluquinha independente!
-Não entendo e pergunto o que disse? ele riu e falou esqueça.
_ Lívia, eu vou amanhã ao abrigo ver vocês fazerem os biscoitos, afinal sou participante dos trabalhos também.
_ Participante? Brinco com ele e rimos juntos - aliás que belas fotos, bem melhores que as minhas e que qualidade!
- Porque?
- Ah, porque as minhas ficaram boas, mas as suas ficaram maravilhosas.
_ Minha máquina é uma canon Lívia, como a sua!.
_ Ah Canon é a marca mas e as configurações, o modelo?
- Esta máquina eu trouxe do Japão no ano passado. Você ainda precisa do meu pen drive? , tenho coisas importantes lá dentro.
-Está na Ong, amanhã eu te devolvo, se fez um silencio e ele disse, ok!
- Keanu?
-Hi !!
- Obrigado pela doação a Ong, não tenho palavras para exprimir o quanto é importante... você é maravilhoso..obrigada de coração!
- Admitindo que eu sou maravilhoso Lívia? – e sorriu do outro lado da linha..
- Tem coisas que temos que admitir, fazer o que? Juro que não queria admitir!- Ele deu uma gargalhada e falou;
- Procuro fazer o que posso, não precisa agradecer, basta admitir que sou maravilhoso!! Ele me falou dando duplo sentido a minha observação. Rimos juntos e falou:
- Achou fácil os arquivos que queria no pen drive?
- Ah foi bem fácil estava escrito na pasta “Fotos janelas” . Então eu fui direto e abri a pasta certa e não precisei procurar. Obrigada.
E surge mais um silencio mudo de Keanu, sinto ele estranho as vezes. E falo;
- Seja bem vindo amanhã, vou te esperar! By!
- beijo Lívia até amanhã!

Ela não vasculhou meu pen drive. Respeita os limites que existem entre o eu e um outro, mas se dei a ela é porque não tinha o que esconder e eu não me importaria se ela olhasse por isso deixei um bilhete, mas me conforta não ser invadido em meu universo particular e sinto mais admiração por ela. Tenho tantas surpresas que não sei mais o que esperar ou não esperar dela. Só de uma coisa tenho certeza, que se todas as mulheres são mais ou menos iguais..Lívia é diferente e em todos os sentidos, não posso mais ter as antigas opiniões ou esperar as mesmas coisas, Lívia é um outro universo que eu estou abrindo e conhecendo agora.
Me dou conta que no meu trabalho venho mudando minhas rotinas Eu me encontrava com as mulheres quando sobrava tempo e atualmente vivo pensando e procurando intervalos e folgas para vê-la, não posso esperar o tempo sobrar é sempre mais urgente estar com ela, ela suaviza meus dias pesados.

Terça feira começou bem, tanto quanto a segunda, sem movimentos de conselhos, novos internos, transferências que é o que deixava tudo tenso.

Fui para a cozinha. Hoje me vesti com uma calça jens escura, uma blusa de casimira branca com decote em v, brinco dourado, cabelos presos num rabo de cavalo e botas de salto 5 cm, porque lidar com criança e andar de ônibus e metrô só calçados baixos ou rasteiros, salto alto só para ocasiões especiais. O inverno nos coloca com roupas escuras em preto, marrom e cinza, ás vezes gosto de colocar um roupa clara como o branco que estou usando agora, para me sentir mais animada nos dias frios e sombrios da estação.
As crianças foram chegando e se ajeitando loucas para colocar as mãos na massa. Eu fui distribuindo pequenas bolinhas de massa e entregando um mini rolo de madeira para cada uma, para abrirem as massas.
Cheguei na porta do refeitório e vi Livia com sua pele branquinha vestida de blusa branca no meio de 28 crianças negras e levei um choque, foi a imagem mais linda que já presenciei, cheguei a vislumbrar um enquadramento de cena para cinema, ela pareceu uma flor de lótus alva E dou uns passos em sua direção e quando ela me viu foi abrindo o semblante e o sorriso fácil iluminando tudo, e lamentei não poder beija La e abraça La e aconchegar este rosto sincero aninhando nos meus braços. Sempre me emociono com as receptividades de Lívia, ela não me olha com olhar de admiração ela me olha com olhar de felicidade.

Estávamos na função, quando Keanu entrou com os cabelos curtos e sem barba invadindo tudo com seu calor que mudou toda a temperatura do ambiente.
Meu deus, senti faltar meu ar quando ele sorriu chegando perto, e eu não conseguia desviar os olhos dos dele. Passou a mão por minha cintura me enlaçando por trás e me puxando para encostar de leve em seu corpo de lado e beijou meu rosto demoradamente com um carinho que amoleceu minhas pernas e falou baixinho pra ninguém ouvir.

- está linda neste lugar vestida de branco, tenho vontade de roubar você!

Eu não admiti nem pra mim mesma que me produzi melhor só para ele, fiz até uma maquiagem mais caprichada.
E senti um contentamento indescritível quando nos fitamos sorrindo um para o outro e fiquei mergulhada em seu olhar de lago profundo e o mundo parou, não era um olhar sedutor como sempre me deu. Era agora um olhar de menino me convidando para compartilharmos só a nossa felicidade de estarmos perto, um instante mágico de amigos fiéis que a gente conta até quando fizemos tudo errado e temos a cumplicidade um do outro. E como ele estava lindo, era extraordinária a sua presença acompanhada daquele calor que mudou todo o clima da sala de ameno para quente. Senti como se colocassem uma brasa no meu coração que aqueceu até a garganta, o mundo parou neste instante e sumiu os sons das crianças e tudo em volta virou nuvem, mas tivemos que voltar do nosso casulo particular quando ele se desvencilhou do abraço devagar e eu tirei meus olhos dos seus e ele foi girar pelas mesas e se envolver conversando com as crianças, senti sua ausência como um vazio em volta da minha cintura, fechei meus olhos e me recuperei respirando fundo mas sem apagar meu sorriso de felicidade, que ele correspondia de longe me olhando feliz.

Levantei meus olhos sentindo falta de todos e minha tia, tio Fred e Steve, e as ajudantes estavam com cara incrédula e de câmera de vigilância olhando para nós dois. Pararam de ajudar e ficou só eu e Keanu ali e de espetáculo para equipe.
- Me manifestei olhando para eles, esperando resposta.
Todo mundo começou a se mexer..e os biscoitos começaram a surgir e foram indo para as formas, tinha janela de tudo quanto é jeito e eles estavam adorando, davam gritinhos de alegria, mostrando uns para os outros suas obras. Eles viam o que os adultos não viam fazendo comentários. Quando colocaram tudo nas formas fui ajeitar e levar ao forno por 30 minutos.

Quando os biscoitos saíram do forno o inesperado e inimaginável aconteceu. Os biscoitos foram todos colocados sobre a mesa para esfriar, mas eles já começaram cada um a procurar o seu , só que eles cresceram no forno e as formas mudaram ficando irreconhecíveis.
Eles diziam que aquilo ali não eram as janelinhas deles, e queriam as janelinhas para comer e onde estáva? Eles perguntavam e algumas começaram a chorar.
E a situação esquentou, eu explicava, Keanu explicava, as voluntárias explicavam, tia Rose, e eles só queriam as janelinhas deles!
Começamos a servir suco e café para tomar com os biscoitos, mas eles não queriam porque diziam que as janelas não eram deles.
Eu tentava reverter dizendo: mais é!! E a criança respondia, não, não é olha só! E mostravam os biscoitos dez vezes maiores do que os que foram para o forno.
Eu esfreguei as mãos no rosto sentando em um banco longo de parede me sentindo desolada, olho para Keanu que estava conversando com a menina Aretha de 4 anos, com vestidinho branco parecendo uma bonequinha, ele levantou pegou a menina pela mão e a colocou na mesa sentadinha ao lado das outras crianças e veio para junto de mim. Ele sentou e mais uma vez neste dia abraçou minha cintura por trás, e falou carinhoso:
- Come on Lívia!, não fique assim, eles tem traumas maiores que este!
_ A fala dele ao invés de ajudar piorou, eu me senti mais culpada ainda, e fiz cara de desolação que ele achou engraçado, e beijou meus cabelos carinhosamente para me confortar
.- Livia não foi nada só um imprevisto!
- Consola Keanu me consola! eu dizia pra ele.

Aos poucos tudo foi se ajeitando, as crianças se acalmaram e viram que nada mudaria. Eu expliquei o que era o fermento e porque as formas das janelas tinham se modificado. Elas ouviram bem quietinhas e interessadas. E aos poucos foram comendo, sem saber qual janelinha era e de quem, e num instante ficaram alegres de novo. Foi mostrado a eles que o importante foi que estava diferente mas foram elas que fizeram.
Graças a Deus acabou com tudo resolvido e todos rindo do ocorrido e fui para a aula de carona com Keanu.

A fronteira (é um lugar entre as palavras e os gestos)


Revelação




As pessoas sensíveis são aquelas que se encantam com pequenas coisas e vêem sentidos nos pequenos gestos e atitudes. Quem busca revelar uma simples atitude com inúmeras atitudes, é inseguro de quem é. Quem com pequenos gestos e atitudes não precisa provar nada, esse é o verdadeiro amor.
Rafael Rocha
.
Ele parou um pouco longe do prédio para eu descer porque a rua estava muito movimentada, ele com certeza não teria como parar na frente do pr´´edio da minha escola. Estacionou e desligou o motor do carro , e fiquei feliz que ele não está com pressa e eu ainda tenho um tempo.
Tirei o pen drive de dentro da bolsa e levanto na sua direção:
- eu trouxe, muito obrigada.

Ele pegou o objeto da minha mão dando um sorriso leve quando seus dedos tocaram os meus e senti seu calor e soltei um suspiro involuntário percebido por ele que sem desviar os olhos dos meus colocou o objeto no bolso, voltou sua mão e pegou a minha cruzando os dedos dirigindo seus olhos para velas juntas.
Keanu fez de minha mãos a sua refém e me transportou a um lugar e um tempo no universo que eu não conhecia. Ele iniciou uns movimentos de carinhos carregados de leveza onde nossas mãos juntas se comunicavam.
Suas mãos são grandes, leves, brancas e tão orientais quanto os seus olhos e ele iniciou devagar e movimentava só os dedos para cima e para baixo fazendo os meus acompanha lo, e eu sentia meus dedos irem até as pontas, e voltavam até o meio dos dedos dele. Nos acariciávamos e eu seguia aos seus comandos. Tudo sumiu e fechei meus olhos em puro êxtase de prazer na delicadeza do momento com um sorriso involuntário que não consegui apagar do meu rosto. Ele levou nossas mãos até seus lábios para um beijo quente entre meus dedos tocando o anel. Abriu e esticanva de um jeito que só sentíamos as palmas se esfregando. E roçávamos e elas esquentaram e ele parou e entrelaçou os dedos e apertou levando aos seus lábios novamente beijou de lado, nos dedos polegares, e beijou também meu pulso provocando uma emoção e minha respiração se alterou um pouco. Ele parou e esticou abrindo e desta vez formou asas de pássaros e eu não conseguia abrir meus olhos e também não queria abri-los para não olhar para os dele e ver algo parecido com os momentos vividos no cinema, a idéia me apavora então eu me abandonava cada vez mais ao momento que era um verdadeiro mar de delicias . Ele ora abria, ora fechava colando nossas palmas. Quando se uniam ele movia acariciando as em toda a sua extensão, girando, indo e vindo sentindo as por inteiro. Ele parou por um segundo e deixou a minha mão parada e seus dedos acariciavam tão leve que senti a sensação macia como se fossem pétalas. Abriu a sua sem descolar da minha num convite para eu acariciá-lo. Era como se nossas mãos tivessem vida própria no que desenvolvíamos com os gestos. Ele era uma descarga elétrica, fosse qual fosse a parte do corpo. Soltei um suspiro enquanto ele continuava nos acariciando. .E estas sensações produziram em mim um milagre, como se minha carne se transformasse em jardim, tal a ternura do momento e respirei fundo sentindo como se o tempo parasse.

Observando Livia na viagem sensorial que me proponho a dar a ela. Vejo ela se esvaziando em suspiros. É incrível a sua capacidade de liberdade de entregar se aos prazeres proporcionados pelo seu próprio corpo. Parece que não conhecia os sentidos extraídos de suas mãos em harmonia com outra entregues aos carinhos.


Eu quero que o tempo se dilua para existir para sempre só o agora. Cada mão recolheu o que cada uma tinha para doar ao outro , passando para o outro o tudo que cada um continha de si próprio.
Lentamente ele colocou as entrelaçadas no meu colo e foi soltando devagarzinho. Prendi a respiração enquanto sentia o afastamento como se fosse um abandono e, mantive meu sorriso quando abri os olhos para olhá-lo e ele estava observando todas as minhas reações, também sorrindo. Os toques suaves e o entrelaçamento dos dedos, o calor e a eletricidade um do outro fizeram eu me sentir beijada, pelas suas mãos, pelos seus olhos e senti uma emoção indescritível.
Senti os sons da cidade aos poucos voltando porque durante todo o tempo tinham sumido e só percebi agora.

Lívia abre os olhos e se vira para mim com o rosto estampado em êxtase de felicidade.
Ela aproveita pequenos momentos. Não abriu os olhos para me encarar como se temesse o que pudesse ver. Ela se arma não só de indiferenças mais também fugas, para não se entregar aos sentimentos que a machucam.
Mas não foi possível se esconder eu não preciso de suas palavras. Olhando para ela e para suas reações para mim está claro:
Lívia está apaixonada
Seu semblante e suas emoções entregues a gestos sublimes me falam o que eu queria saber porque seus códigos estão na sua poesia quando está entregue a vida que pulsa em seu coração..

.Olho para ela e digo devagar e baixo:
, - Você é uma verdadeira princesa, como seu tio me disse! Obrigada! e a beijo levemente nos lábios e ela se assusta, pois espera nossas despedidas que não nos comprometem como um beijo no rosto. E parece que se sente novamente confusa e tenta se recompor rápido como se varrendo rápido algo que não entendeu e nem quer entender. E me diz:
- Obrigada a você! Por me proporcionar este momento, eu adorei!.

Eu tinha que ir e fui saindo carregada de surpresa pelo susto da despedida, mas acho que estou interpretando mal ele só foi carinhoso e o que isto tem de mais? E continuo querendo sentir mais das suas mãos e estendo as minhas mãos de volta e ele agarrou com força enquanto fui saindo estendendo ao máximo meus braços apertando e sentíamos o calor um do outro, e fomos nos desprendendo devagar ao mesmo tempo em que estávamos nos acariciando . Bati a porta do carro e me fui devagar como quem acabou de descobrir uma flor que você sopra e ela solta a sua pluma no vento.

Minha vida e meu trabalho cheio de compromissos se apagaram neste simples momentos com ela.
Eu senti na intensidade dos gestos que experimentamos. O destino que proporcionou o nosso encontro até a descoberta de meus sentimentos por ela. E neste momento os sentimentos dela por mim.
Lembro do meu sonho e entendo o que teremos pela frente. Só gostaria de saber o que significa os dois braços de rio separados contornando duas montanhas diferentes na paisagem que vislumbrávamos lá de cima.

Deslizo o carro pelas ruas congestionadas pelo movimento do horário. Geralmente fico um pouco irritado, mas hoje nem dou importância, estou pensando no próximo encontro com ela e tenho que pensar como vou fazer para ela descobrir seus sentimentos e que estou correspondendo, mas quero que ela descubra sem que eu precise lhe dizer.

Amanhã é Valentine's Day e não posso presenteá-la tal qual um namorado, mas vou aproveitar deste momento , mesmo que ela não saiba tudo o que se passa e nem o que tudo significa para nós..
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